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Posted: 24 Jan 2015 11:30 PM PST
Regimento húngaro em cerimônia de boas-vindas ao presidente dos EUA
O primeiro-ministro húngaro Viktor Orban vinha se aproximando da Rússia de Putin.
Não faltavam motivos: a União Europeia hostiliza sistematicamente a Hungria por causa de sua Constituição e de suas leis protetoras da vida, da família e das tradições históricas e religiosas magiares.
Por outro lado, Putin fazia sua a frase bíblica sobre os filhos da iniquidade: “Dextera eius repleta es muneribus” (Salmo 25:10 “sua mão direita está repleta de dinheiro”).
Putin oferecia sedutores apoios financeiros a Budapest, entre eles um gigantesco empréstimo de $14 bilhões de dólares.
O povo húngaro sabe do que valem as promessas
dos agentes formados no comunismo.
Populares observam tanque russo destruído em 1956.
Porém, a perigosa aproximação do premier Orban do líder do Kremlin não estava sendo bem vista pelos setores mais sadios da opinião pública húngara.
Esta é muito cônscia de sua independência e sabe o que valem as promessas feitas por homens formados no comunismo soviético.
A comemoração do 25º aniversário da queda do Muro de Berlim permitiu avaliar o quanto a opinião pública húngara é adversa à ideia de uma aproximação com Moscou.
Orban não demorou em acertar o passo.
No fim de novembro, segundo a agência Bloomberg, ele enviou sinais diferentes: assumiu a defesa da integridade territorial da vizinha Ucrânia, declarou afinidade com a política externa alemã hoje em tensão contra a Rússia, e visitou tropas da OTAN estacionadas na Lituânia.
O lado econômico não esteve ausente.
A Alemanha é o maior investidor na Hungria, além de imenso investidor na Rússia.
Ela anunciou que vai ‘remapear’ suas aplicações em território russo em função da crise ucraniana.
O premier húngaro começou então a criar distâncias em relação a Putin e a ampliar suas relações com a Alemanha.
Soldados húngaros descem de helicóptero americano
durante manobras na Croácia
“Orban deu uma virada de 180º em relação à Ucrânia”, disse Manuel Sarrazin, líder do grupo germano-magiar no Parlamento de Berlim.
“Ele percebeu, com alguma insistência de Merkel, que havia subestimado seriamente” o conflito, e que também “havia subestimado Merkel e a posição que a Europa está assumindo seguindo a ela”.
O resultado é que, enquanto se afastava de Putin, que até recentemente qualificou a Hungria de “parceiro chave”, Orban aplicou tempo e esforço para lustrar a imagem da Hungria como membro da Europa e da OTAN.
Em 2013, mais da quarta parte dos investimentos diretos do exterior na Hungria proveio da Alemanha, segundo o Banco Central de Budapest.
A Rússia, que custa a se equilibrar economicamente, embora forneça 80% do gás consumido pelos húngaros, representou menos de 10% dos investimentos.
'Danke Ungarn' = 'Obigado Hungria': campanha promove a amizade germano-magiar.
Empresas como a Daimler e a Volkswagen ajudaram a economia húngara a crescer 3,9% no segundo trimestre de 2014, o maior crescimento em quase oito anos.
As empresas alemãs empregam mais de 300.000 pessoas na Hungria e investiram mais de 6 bilhões de euros desde 2010, segundo o ministro de Economia Mihaly Varga.
Orban visitou a Alemanha duas vezes em novembro e condecorou parlamentares alemães.
A Hungria também promoveu uma campanha de propaganda com o slogan “Danke Ungarn” ou “Obrigado Hungria”, relembrando que a decisão húngara de deixar passar pelas suas fronteiras cidadãos alemães orientais em gozo de férias precipitou a queda do Muro de Berlim.
Orban aproveitou uma visita a tropas da OTAN na Lituânia para declarar que a Hungria não quer mais ter fronteiras comuns com a Rússia, após quatro décadas de padecer como satélite soviético.
E aumentou em até 2% do PIB as despesas com a defesa, explicando que as prioridades mudaram após a crise na Ucrânia.
Os patriotas húngaros arrancavam os símbolos comunistas
impostos na bandeira nacional.
Em lembrança, uma bandeira assim ondeia hoje
diante do Parlamento em Budapest.
“Temos grande interesse que a Ucrânia conserve sua soberania”, explicou num vídeo em sua página de Facebook. “Para isso nós vamos fornecer toda a ajuda que estiver ao nosso alcance”, acrescentou.
A mudança de retórica ficou notória. Após um censurável namoro com a “nova URSS” de Putin, o líder húngaro está na defensiva.
Falando para um conjunto de líderes étnicos húngaros de várias nacionalidades, Orban se justificou: “A questão não é de que lado a Hungria vai ficar, mas de que lado está o interesse nacional. Paz, energia, segurança e oportunidades comerciais. Isso é o que nós devemos visar”. E esses elementos não vêm da Rússia.
Língua de político não tem osso, mas o caso da Hungria de Orban mostra que a firmeza de Ocidente e a utilização sensata de seus imensos recursos são preciosas para conter o avanço ideológico oportunista e provocativo do ex-coronel da KGB.
Fonte: Flagelo Russo